‘Emocionante voltar àquele pedacinho tão especial’, diz Evandro Mesquita.
Faz 33 anos e seis meses que o Circo Voador “pousou” no Arpoador, na Zona Sul do Rio. A lona ficou esticada lá por apenas dois meses e meio naquele verão de 1982. Em outubro do mesmo ano, foi transferida para a Lapa, no Centro, onde veio a se transformar uma das principais casas de espetáculo da cidade. A remontagem do Circo na praia, desta sexta-feira (12) até domingo (14), é promessa de emoção para público e artistas
“É emocionante voltar àquele pedacinho ali tão especial. Cresci ali, minha adolescência foi ali e minha maioridade artística também aconteceu ali”, diz Evandro Mesquita, que no sábado (13) volta a tocar com a Blitz na casa onde a banda nasceu.
Mesquita esteve à frente do cortejo que, no dia 10 de janeiro de 1982, anunciou pelo bairro de Ipanema a montagem do Circo Voador no Arpoador.
“A gente foi cantando um samba da Portela que falava sobre circo desde a Praça [Nossa Senhora] da Paz, no pôr do sol, até chegar no Circo, que parecia uma nave pousada ali no Arpoador”, lembra o cantor, que integrava o grupo teatral Asdrúbal Trouxe o Trombone, responsável por revelar inúmeros artistas de renome.
“Desfilamos pela Vieira Souto, ainda era a ditadura. Aquilo era novo, invenção, ninguém sabia onde ia dar, não havia patrocinador, era arte pura”, lembra Perfeito Fortuna, idealizador do Circo Voador e um dos integrantes do Asdrúbal.
Segundo Fortuna, a “Surpreendamental Parada Voadora”, como foi chamado o cortejo que anunciou o Circo, contou com mais de 800 artistas de grupos de teatro, dança, música, circo, capoeira, poetas, corais e das artes visuais.
O Circo Voador serviu para alavancar a cena artística que sofria, há quase duas décadas, com a repressão do regime militar, segundo relato da produtora Maria Juçá, diretora do Circo.
“Todos os laboratórios de artes plásticas, de teatro, de música, já estavam prestes a explodir. O Circo Voador foi a liga que reuniu toda essa produção que estava inerte. Ele foi uma janela de abertura para que aquela geração pudesse se expressar e pudesse ser vista”, aponta a produtora.
Juçá destaca que a remontagem do espaço no Arpoador é pontual. Nela, será feito o lançamento de uma releitura da música “Exagerado”, um dos maiores sucessos de Agenor de Miranda Araújo Neto, o Cazuza, cujo início da trajetória artística também se deu sob a lona esticada no Arpoador.
(Foto: Matheus Rodrigues/G1)
“A montagem do Circo no Arpoador é uma comemoração que envolve o Cazuza em primeiro lugar, que sempre será celebrado pelo Circo, e que reafirma o carinho pela história do Circo junto ao Rio”, esclareceu Juçá.
Ela adiantou, no entanto, que novas edições semelhantes podem acontecer.
“De vez em quando a gente pode voltar [ao Arpoador]. Essa possibilidade de eventualmente a gente remontar o Circo lá está criada”, disse. Juçá destacou que a permancência do Circo Voador na praia é inviável por uma série de questões burocráticas. “o arpoador não é o lugar ideal e viável para ele funcionar”, afirmou.
‘Exagerado 3.0’
A remontagem do Circo Voador na Praia do Arpoador marca o lançamento da nova versão da música “Exagerado”, de Cazuza, que completa 30 anos em 2015. Para Perfeito Fortuna, a releitura do Circo na praia iria agradar o homenageado. “Foi o seu grupo [do Cazuza], dirigido por mim, que inaugurou o Voador. Ele adorava… Queria fazer o último show que fez no Canecão no Voador, essa era a vontade dele. Acho que ia gostar desse projeto agora. Era animado, gostava de festa”, enfatizou.
Exagerado é o primeiro single da carreira solo de Cazuza. A versão comemorativa, “Exagerado 3.0”, tem a voz original do cantor, produção musical, baixo e violões de Liminha, bateria e pandeirola por João Barone, guitarras por Dado Villa Lobos, teclado e programações por Kassin e mixagem de Liminha e Daniel Alcoforado.
Parte dos direitos obtidos com a venda digital da nova versão da música será doada à Sociedade Viva Cazuza, que completa 25 anos este ano e foi criada por Lucinha Araújo, mãe do cantor e compositor.
Três dias de festa
A volta histórica do Circo Voador ao Arpoador, com as mesmas dimensões e conceito de programação do projeto original, acontece entre esta sexta-feira (12) e domingo (14). Serão três dias consecutivos de intensa programação cultural debaixo da lona. Serão shows diversos, artes performáticas, poesia, um baile e muito rock. Toda a programação é gratuita e a distribuição de senhas será a partir das 14hs de cada dia de evento.
Confira abaixo a programação completa do evento:
12 de junho
21h – Festa com DJs Coletivo Vinil é Arte
21h45 – Exibição do filme Vivo “Cupido 4G”
22h – Homenagem a Cazuza
22h50 – Festa com DJs Coletivo Vinil é Arte
23h30 – Show da banda Todos Envolvidos, com Liminha, Toni Platão, Dado Villa-Lobos, João
Barone e Kassin.
0h30 – Festa comDJs Coletivo Vinil é Arte
13 de junho
9h30 – Oficina infantil de circo acrobático com a professora Amaralina Fagundes, com acrobacias de solo, malabares, colchões, arcos e claves
9h30 – Oficina de ritmos populares e/ou danças populares
18h – Fórum de ideias e debate “Um palco, uma rádio, um festival: em cena o rock brasileiro e a representação da juventude dos anos 80”
19h – Exibição do filme “Imagens do Circo Voador”
20h – Show da bandaDônica
22h10 – Show da banda Suricato
23h10 – Música ao som de DJs Coletivo Vinil é Arte
23h30 – Show da banda Blitz
14 de junho
11h30 – Oficina infantil de Capoeira
12h – Apresentação do grupo As Marias da Graça
18h – Fórum de ideias e debate “Brasil, que país é este: Cazuza, Renato Russo e a transição
democrática”
19h – Música ao som de DJs Coletivo Vinil é Arte
19h30 – Poesia – Chacal – “História dos 25 anos do CEP 20.000”
20h30 – Música ao som de DJs Coletivo Vinil é Arte
21h – Show de encerramento Gafieira Voadora (Baile do Almeidinha com Hamilton de Holanda e Banda, com BNegão e Roberta Sá como convidados especiais)
FONTE http://g1.globo.com/rio-de-janeiro/musica/noticia/2015/06/apos-33-anos-circo-voador-promete-muita-emocao-na-volta-ao-arpoador.html
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