Depois de passar por 27 cidades ao redor do mundo, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro e, mais recentemente, Salvador, o projeto global Converse City Forests, idealizado pela criadora dos icônicos tênis All Stars, voltou às terras cariocas no último dia 13 de junho com o objetivo de expandir ainda mais a discussão em torno dos temas sustentabilidade, arte urbana e moda.
Por meio de uma tinta fotocatalítica que absorve CO2 durante seu processo de secagem e ao longo de sua vida útil, a iniciativa consiste na pintura de murais ecológicos que filtram o ar em seu entorno, colocando também o trabalho de artistas independentes e pautas historicamente silenciadas, como o afrofuturismo e a cultura de povos originários, no centro do palco.
Na abertura de sua nova fase, chamada Recrie o Amanhã, Converse City Forests traz o aquecimento global e a iminente elevação do nível dos oceanos como tema principal por meio de “inundações” projetadas no Museu do Amanhã e nos Arcos da Lapa, marcos culturais mundialmente conhecidos, com o objetivo de materializar, de forma virtual, o que pode acontecer no futuro caso o cenário atual da devastação ambiental não seja revertido. A inundação digital contou também com um movimento nas redes sociais: com publicações que trazem telas na cor Azul Oceano, a marca convidou a audiência a recriar o amanhã por meio das atitudes de hoje, simbolizando como, por meio de ações locais como pintar um mural, é possível contribuir para a amenização do problema.
Desta vez, ao invés de muros, o projeto ganhou forma em uma “floresta” de 47 postes no bairro de Copacabana, representando figurativamente sua função de filtragem do ar. Conforme as atividades humanas evoluíram ao longo da história no Rio de Janeiro, sua vegetação nativa foi gradualmente substituída por concreto, dando lugar a postes presentes em toda a cidade, que foram ressignificados a partir de sua pintura sustentável.
Inspirados pela temática da fauna e flora, ameaçadas pela mudança climática, os artistas convidados para a nova fase do Converse City Forests foram selecionados por meio da curadoria de André Kajaman, responsável pelo mural pintado no Morro do Santo Amaro, e Ademar Lucas, fundador da Ademáfia, um coletivo que valoriza a cultura do skate e da arte de rua como ferramentas de transformação sociocultural e ambiental. “Como o Converse City Forests é uma iniciativa que fala muito sobre ações locais e cultura jovem, nossa intenção era a de que artistas independentes locais pudessem ter espaço para mostrar sua arte e colocar ali suas próprias vivências e visões sobre o Rio de Janeiro”, conta Ademar.
Nove artistas ascendentes foram convidados para dar vida à floresta de postes, situada em Copacabana: Guilherme Memi, Lídia Viber, Ju Angelino, Lolly, Rodrigo Sini, OMEP, Fredy Nascimento, Priscila Rooxo e Mario Band’s.
Lídia Viber assimila sua vivência como mulher preta e periférica em seu trabalho, a partir da educação dada a ela na infância, com seus limites, crenças, imposições, afetos e a ausência deles. A mineira, que hoje reside na capital fluminense, dedicou-se por mais de 7 anos à formação social de jovens periféricos em Belo Horizonte e é reconhecida pelo Sindicato dos Professores de Minas Gerais como uma das 15 mulheres mais influentes do Estado na categoria. Para ela, “sustentabilidade é uma maneira eficaz de viver e desfrutar o planeta em harmonia, com respeito e igualdade, visando um futuro renovável”, conta.
Assim como ela, o carioca Guilherme Memi também volta-se para dentro para encontrar sua inspiração, tendo como ponto de partida sua própria casa e em sua relação com sua singela e pacata família, manifestadas em sua obra em traços retos e cores pastel que incorporam uma atmosfera nostálgica a seu trabalho. Ao mesmo tempo, Memi propõe uma reflexão sobre a conexão com o divino e a resistência ao caos das cidades. “As sobreposições de fases da vida em diferentes tempos e espaços incorporam a incompletude do ser e as transformações no curso cíclico do existir”, conta.
A tinta fotocatalítica, desenvolvida pela Graphenstone e utilizada como material fundamental das obras, usa cal natural como base, que tem um ciclo de produção sustentável em todas as etapas do processo, desde a madeira utilizada como matéria-prima até o produto final, e que é livre de VOCS (compostos orgânicos voláteis) e substâncias tóxicas. A tinta também é enriquecida com grafeno, que otimiza suas propriedades e aumenta sua durabilidade, sendo capaz de absorver até 120 gramas de dióxido de carbono por metro pintado.
Por meio do portal global do projeto e das redes oficiais da marca, é possível ter acesso a todas as obras pintadas ao redor do mundo e mais informações sobre a iniciativa.
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