Estudo feito à pedido da agência de notícias detectou bactérias e vírus característicos de esgoto humano em locais de competição
Atletas que vão competir nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro, terão de nadar e velejar em águas “cronicamente contaminadas” por fezes humanas e correm o risco de ficar doentes e não conseguir competir adequadamente nas provas, afirma a agência de notícias Associated Press.
A afirmação foi fetia com base em análises feitas de água coletada em quatro etapas desde março de 2015 e considerou tanto vírus quanto bactérias. O resultado encontrado foram níveis alarmantes de contaminação. Segundo a AP, o resultado alarmou atletas que já treinam no local, alguns dos quais já tiveram sintomas de febre, vômitos e diarreia. Por isso, muitos especialistas dos EUA e Europa pedem que sejam necessários também testes de carga viral das águas.
O Comitê Olímpico Internacional (COI) considera apenas os níveis de contaminação bacteriana e disse que não mudará seus critérios – aceitos internacionalmente – mesmo diante das descobertas. “A Organização Mundial da Saúde (OMS) e outras instituições asseguraram que não há riscos significativos para a saúde dos atletas”, afirmou Richard Budgett, o diretor médico do COI.
O virologista brasileiro Fernando Spilki, que é coordenador do programa de qualidade ambiental da Universidade Feevale, em Novo Hamburgo, procurou por três tipos diferentes de adenovírus humanos – “marcadores” típicos de esgoto no Brasil, além de rotavírus – principal causa de dor de barriga –, e enterovírus – que causa infecções no trato respiratório superior.Os testes até agora mostram que as águas do Rio estão cronicamente contaminadas”, afirmou de acordo com O Globo.
Os níveis encontrados são equivalentes aos de esgoto não tratado em muitas áreas. Mesmo áreas menos poluídas, como a praia de Copacabana, apresentam índices preocupantes. A contaminação por litro na Lagoa Rodrigo de Freitas, por exemplo, é 1,7 milhão maior do que o considerado impróprio para banho nas praias da Califórnia. Brasileiros não se contaminam tão facilmente por ter desenvolvido imunidade ao longo dos anos, mas turistas e atletas estarão vulneráveis.
O presidente do COI, Thomas Bach, adimitiu ao The Guardian que o Brasil tem um grande desafio pela frente para limpar a Baía de Guanabara, que conta até mesmo com o descarte de móveis. O local receberá as competições de vela. “Por um lado, vemos um grande progresso, por outro, não há tempo a perder. Mas dado o fato de que o comitê organizador reconheceu seus desafios, estamos muito confiantes que teremos um grande evento em um ano, já reconhecer desafios é o primeiro – e mais importante – passo para superá-los.”
Segundo O Globo, o Tribunal de Contas da União (TCU) também criticou o andamento das ações de despoluição da Baía. Segundo o Tribunal, a demora em solucionar o problema “pode trazer prejuízos à imagem do país no exterior”.
O governo do Rio de Janeiro já assumiu que não conseguirá cumprir a meta de despoluir 80% do esgoto que é despejado no local, como assumia no Dossiê de Candidatura. Apesar disso, o site do comitê organizador dos Jogos continua afirmando que um dos legados será “a recuperação e proteção do patrimônio ambiental único da região, incluindo as baías e canais”.
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