Os fotógrafos Pedro Fortes, Rico Sombra e João Ricardo fazem fotos do bairro direto do mar – Divulgação / Divulgação
RIO — Ao ver as fotos desses três amigos, é fácil perder a distinção entre os conceitos de foto e pintura. A clássica mistura entre natureza e fotografia ganha um tom original quando João Januzzi, Pedro Fortes e Rico Sombra acrescentam à frente das lentes um mar que acalma, o surfe e um cenário digno de música. A Praia de Ipanema e o Morro Dois Irmãos, um modelo sempre disposto a sair bem na foto, moldam alguns dos cliques mais bonitos que o grupo faz pela Zona Sul.
A praia do bairro aniversariante é um dos “estúdios” a que Rico Sombra se destina já bem cedo, às vezes antes do sol nascer. Ao buscar o mar como base, o fotógrafo conta que encontrou uma forma de fazer fotografias diferentes das que estava acostumado a ver.
— Algo incrível que o mar tem é que ele nunca se repete. Uma foto nunca vai ser igual à outra, mesmo se eu quiser tentar, porque uma onda nunca quebra igual duas vezes; o sol não nasce da mesma forma. É tudo diferente — destaca.
Rico, que sempre pegou onda e fotografa há dez anos, elogia as curvas de Ipanema:
— A vista que eu acho mais incrível no Rio de Janeiro é essa de Ipanema, que mostra a Pedra da Gávea e o Morro Dois Irmãos. Essas curvas são fantásticas, e dentro d’água fica mais bonito ainda — avalia o fotógrafo.
A coletânea de imagens feitas por Rico virou até livro para as Olimpíadas. O lançamento de “Rio visto do mar” está previsto para julho, pela editora Tinta Negra.
Essa forma de fotografar também ganhou o bodyboarder João Januzzi. Ele, que já foi campeão estadual e carioca da modalidade, começou a registrar o que estava à sua volta no mar, gostou e não parou mais.
— É uma sensação boa estar conectado com a natureza. E sempre tem um ângulo diferente — conta Januzzi.
O esportista hoje trabalha com edição de vídeos, mas fez da fotografia do mar um hobby e um trabalho esporádico. Januzzi conta que algumas de suas fotos foram vendidas parar virar quadros.
Já para Pedro Fortes, retratar o Rio de dentro das águas representou uma mudança de vida. Formado em Direito, Fortes trocou o terno pela roupa de surfe ao ver o crescimento pessoal e financeiro que as fotos lhe traziam. Filho de uma fotógrafa e de um surfista, ele começou a fazer registros em uma viagem com o pai para a Costa Rica, em 2009, quando pegou a câmera da mãe emprestada e fez cliques do passeio. A partir daí, resolveu levar o assunto a sério, comprou uma câmera e passou a se dividir entre a faculdade e a fotografia nos fins de semana. Depois de já trabalhar como advogado, Fortes não pensou duas vezes quando viu que conseguiria viver do que amava.
— Eu cheguei à seguinte conclusão: se eu posso ganhar o meu dinheiro na praia, fazendo o que eu mais amo, em vez de estar de terno e gravata resolvendo problemas dos outros, então eu escolho a praia — relata.
Após esse período, Fortes também começou a se dedicar à filmagem, trabalho que já o fez viajar o mundo. Mas o carioca conta que a fotografia está no seu coração. O mar, então, nem se fala.
— Eu sempre achei a água do mar limpa. Quando estamos estressados e damos um mergulho, nós nos sentimos mais leves — diz.
Os fotógrafos do mar costumam se reunir em ‘‘encontrões’’ para fotografar juntos. Foi assim que os três se conheceram e descobriram a paixão em comum.
— Eu me divirto tanto quanto se eu estivesse surfando. Às vezes até mais, porque a fotografia envolve mais gente. É um “plus” encontrar os amigos, algo que deixa todos nós felizes — conta.
Da relação com os colegas, o fotógrafo teve a ideia de criar um concurso, dividido em três categorias, para premiar as melhores fotografias em praias. Até o próximo domingo, surfistas já inscritos irão enviar suas criações feitas no Rio e em Niterói. As categorias “foto dentro d’água” e “foto fora d’água” oferecem o prêmio de R$ 2 mil para o fotógrafo e uma prancha para o surfista. A terceira é a “foto de GoPro”, que premiará o surfista e o fotógrafo com um modelo da câmera. Fortes espera fazer uma segunda edição, ainda maior, em breve.
— As pessoas estão gostando muito da ideia de sair da zona de conforto, acordar cedo, fotografar na praia. Se tudo der certo, a ideia da próxima edição é abrir para outros estados — anima-se.
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/bairros/grupo-de-fotografos-registra-ipanema-vista-do-mar-19134822#ixzz46xR5C15t
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