Hippopotamus reabre em Ipanema com atrações de luxo

Com anuidade de R$ 6 mil apenas para se tornar sócio, casa conta com três ambientes

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Depois de um hiato de 15 anos, as noites nos arredores da Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, voltaram aos tempos áureos de luxo e diversão. O club Hippopotamus, lendário reduto da boemia carioca, reabriu as suas portas com novidades e elementos que remetem às agitadas noitadas do original, que foi inaugurado em 1977 e ficou aberto até 2002 — sendo a boate que por mais tempo se manteve em atividade na cidade. Neste tempo, passaram por lá celebridades como Paul McCartney, Frank Sinatra, Robert De Niro, Ursula Andress, Marcello Mastroianni, Michael Caine e Demi Moore. Depois de um mês funcionando de maneira experimental, para que a administração acertasse os últimos detalhes, o novo Hippopotamus — rebatizado de Club Hippo — reabriu efetivamente esta semana.

 — O mercado de luxo é baseado em detalhes. Precisávamos de um mês para acertar tudo o que faltava. Agora podemos dizer que estamos em pleno funcionamento — diz o gerente do clube, Felipe Ishihama.

Com 32 anos e longo currículo no setor de hotelaria (ele foi o responsável pela criação do Mee, um dos restaurantes do Copacabana Palace), Ishihama foi convidado pelo criador do Hippo, Ricardo Amaral, para administrar a nova casa.

— Passei quase dois anos selecionando a equipe. Posso dizer que conseguimos reunir um time com o que há de melhor no segmento de serviços na cidade — diz Amaral.

Assim como no anterior Hippopotamus, apenas sócios e convidados podem entrar. Os interessados em se associar devem preencher um formulário on-line que será enviado para a avaliação dos proprietários. Caso seja aceita, a pessoa precisa pagar uma anuidade de R$ 6 mil para garantir o acesso. Lá dentro, todo o consumo é pago à parte. Entre as opções, estão drinques variados — que saem, em média, a R$ 40 —, e pratos que podem custar de R$ 92, como o camarão Café de Paris, a R$ 1.100, caso do caviar beluga.

Apesar de próximo, o novo Hippo não ocupa o mesmo imóvel do anterior. O projeto arquitetônico é de Erick Figueira de Mello, que apostou no conceito tropical chic. Ele recriou ainda elementos clássicos, como jardim tropical com água escorrendo sem parar. Reza a lenda que era para os clientes acreditarem que estava chovendo. Que, portanto, não daria praia no dia seguinte e, por isso, a noite não precisava ter hora para acabar.

DRINQUES, CHARUTOS E NOSTALGIA

A carioca Rogéria da Silva Barbosa, a tia Ro, é uma figura conhecida entre os frequentadores do antigo Hippopotamus. Ela vendia balas em frente à boate e, com o seu carisma, tornou-se querida por boa parte dos clientes. Muitos não sabiam, mas, desde aquela época, um dos grandes sonhos da sua vida era poder trabalhar na casa. Quando soube que o Hippopotamus reabriria, não pensou duas vezes. Foi até o local, ainda em obras, e pediu o emprego para Ricardo Amaral.

— Não ter trabalhado no Hippopotamus era algo que sempre martelou na minha cabeça. Quando fiquei sabendo da reabertura, prometi para mim mesma que não iria deixar essa chance escapar de novo. Era uma dívida antiga — comenta Rogéria.

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Hoje, ela trabalha como auxiliar no banheiro feminino do estabelecimento. Assim como Rogéria, a nova equipe está repleta de pessoas com uma forte ligação com a história do clube.

O chef Ricardo Lapeyre é um deles. Ele é filho do também chef Claude Lapeyre, que comandou a cozinha do clube por quase três décadas. No menu, apostou na combinação de criações contemporâneas, com uma influência franco-brasileira, além de clássicos do Hippo, como o famoso camarão Café de Paris, servido sobre leito de arroz selvagem com mousse de ervas finas; o magret de canard com maracujá; e o filé Hippopotamus, cortado à la broche e acompanhado do molho secreto de seu pai.

— A minha ligação com essa casa é de uma vida inteira. Tenho fotos na cozinha do Hippo com 2 anos. Não poderia estar mais feliz. Todas as receitas clássicas aprendi diretamente com o meu pai, que me deu a sua chancela para replicá-las — afirma Lapeyre.

Outra característica do restaurante, conta o chef, é que as sugestões dos clientes são sempre vindas.

— Temos sócios que jantam por aqui três vezes por semana. Então, temos que estar sempre variando para não ficar repetitivo. Por isso, as sugestões do clientes são essenciais — diz ele.

Já o bar está sob o comando de Gabriel Zielinsky, que criou uma carta de drinques específica para cada um dos ambientes do clube. No terraço, onde fica a charutaria, as opções são mais rústicas, à base de bebidas como uísque e conhaque, feitas para harmonizar com o fumo.

No restaurante, por sua vez, as bebidas são mais leves, feitas à base de espumantes e com frutas ou flores como ingredientes. Por ser o ambiente em que, geralmente, as pessoas permanecem por mais tempo, os drinques são mais elaborados e os clientes podem acompanhar todo o processo de montagem.

— A coquetelaria moderna acha que o drinque é muito mais do que uma bebida inesquecível, ele deve ser um momento inesquecível, e o cliente deve participar do processo de montagem o quanto for possível — conta Zielinsky.

Já no lounge, local com o clima mais de boate, a ideia é ter drinques mais práticos e refrescantes, à base de tequila e vodka.

A charutaria, no terceiro andar, fica sob o comando da “cigar sommelier” Polliana Pacola. É ela a responsável por ajudar os clientes a escolher uma opção para degustar entre os quase 150 tipos de charutos.

— Uma das minhas missões é fazer com que as mulheres descubram o universo dos charutos, que ainda é dominado pelos homens — destaca.

‘A CASA E AS PESSOAS HOJE SÃO OUTRAS’

Foi ao rever histórias marcantes de sua vida para a criação do livro “Vaudeville. Memórias”, lançado em 2010, que o empresário Ricardo Amaral sentiu vontade de reabrir o Hippopotamus.

— Com o livro, abri um baú de memórias e todo aquele sentimento voltou. Quando fechei a casa, em 2001, estava cansado da noite e achei que aquilo não era mais para mim. Mas, com o tempo, a saudade voltou. Além disso, eu fiquei sem opção para ir depois do jantar — comenta Amaral.

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Depois da publicação do livro, o mesmo sentimento de nostalgia que atingiu o empresário fisgou os antigos frequentadores do Hippo, que passaram a lhe cobrar a reabertura da casa. Um dos saudosistas era o empresário Omar Catito Peres — hoje sócio de Amaral no negócio ao lado de Rick, filho mais velho do criador do clube. Catito era um assíduo frequentador, tendo fechado a boate no seu aniversário de 40 anos para 500 convidados, no fim dos anos de 1990.

— A nova casa é diferente da antiga. Nem tanto fisicamente, mais no clima mesmo. É que hoje o momento e as pessoas são outras. Nosso objetivo é propiciar situações que se tornem tão marcantes quanto as que ocorreram no Hippopotamus antigo. Queremos reunir diferentes gerações, do pessoal mais velhos aos jovens que não chegaram a conhecer a casa original — frisa Amaral.

Segundo ele, o momento de crise econômica pelo qual passam o país e, principalmente, o Rio de Janeiro foi um fator que preocupou na decisão de investir no negócio. Sua visão, no entanto, é otimista:

— É impossível um empresário não preocupar-se com a situação atual em que vivemos. No entanto, sou um grande otimista e acho que vamos superar isso logo. Creio que o Hippopotamus pode ser mais uma peça nessa recuperação — conta Amaral.

Questionado se ainda mantém o pique para aguentar as noitadas na casa, o empresário afirma que o difícil mesmo é fazê-lo ir embora dos lugares.

— Sou um boêmio inveterado. Se me deixarem, acabo não saindo. Vira e mexe preciso me policiar para não passar do horário — afirma Amaral.

Com informações do O Globo

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