O diretor de cinema Nelson Pereira dos Santos faleceu, aos 89 anos, neste sábado, 21 de abril, Dia de Tiradentes, no Rio de Janeiro. Precursor do Cinema Novo, fez, pelo menos, um filme imortal, ‘Vidas Secas’ (1963), uma aula de como levar uma obra literária ímpar para uma linguagem cinematográfica densa e pungente.
Nascido em 1928, em São Paulo, SP, atuou também como diretor, produtor, roteirista, montador, ator e professor. Primeiro cineasta a integrar a Academia Brasileira de Letras, transformou em filme outro livro inesquecível de Graciliano Ramos, ‘Memórias do Cárcere’ (1984), numa atuação magistral do ator Carlos Vereza.
Trabalhou também com obras de Jorge Amado, como ‘Tenda dos Milagres’ (1975/6) e ‘Jubiabá’ (1987). E como esquecer do poético ‘A Terceira Margem do Rio’ (1994), talvez o melhor conto de Guimarães Rosa? E fez ainda ‘Raízes Do Brasil – Uma Cinebiografia de Sergio Buarque de Hollanda (2003), importante jornada para tentar entender o Brasil.
Nessa pincelada por seus trabalhos, duas imagens são eternas: a do sertanejo Fabiano matando a cadelinha Baleia em ‘Vidas Secas’, seguramente uma das melhores cenas (e por que não a melhor?) já filmadas no cinema nacional; e, em ‘Memórias do Cárcere’, a dos presos auxiliando Graciliano a levar para fora da cadeia seu texto biográfico.
Saudades, mestre Nelson! Tuas imagens eternas te mantém vivo!
Oscar D’Ambrosio é mestre em Artes Visuais pelo Instituto de Artes da Unesp e doutor em Educação, Arte e História da Cultura.
Que texto sensível, fique emocionada!! Valeu Oscar!!