EM 2022 O CENTRO CULTURAL BANCO DO BRASIL SERÁ A CASA DO CIRCO BRASILEIRO

Para comemorar as efemérides do centenário da Semana de Arte Moderna e o bicentenário da Independência do Brasil, o Banco do Brasil, com apoio institucional da FUNARTE, se une a Escola Nacional de Circo, ao diretor Renato Rocha e a Ciranda de 3 Trupe Produções, criando uma vitrine para o circo brasileiro nas relações internacionais, colocando assim, o Brasil no mapa do cenário circense mundial. O projeto é patrocinado pelo Banco do Brasil.

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Reprodução

Em um palco-picadeiro com estrutura de aço, criado e montado na área externa do CCBB Rio, 35 artistas formados na Escola Nacional de Circo, pessoas de diversos países da América Latina, entre Venezuela, Equador, Argentina, Chile, Colômbia, e das 5 regiões do Brasil, do Amazonas, Pará, Tocantins, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, alguns deles com antepassados pertencentes a povos originários, emprestam alma e corpos latino-americanos para encenarem o espetáculo URUTU, que estreia na noite de 23 de março e segue em cartaz até 3 de abril, com apresentações de quarta a domingo, às 19h. As senhas serão distribuídas 1 hora antes, na bilheteria do CCBB.

Na cultura dos povos originários (indígenas), o nome URUTU diz respeito a cobra-grande, que é símbolo da deglutição e da gestação de algo novo. E é nesse sentido, digamos: antropofágico, que URUTU está sendo concebido como um espetáculo de alto nível técnico e de extremo impacto físico e visual, que mistura as artes visuais, a dança, a música, o teatro, a cultura popular e o próprio circo, para criar uma experiência estética que una o carisma, o vigor e o risco do circo clássico com a pesquisa, inovação, visceralidade e a beleza estética e sensorial do circo contemporâneo. Uma obra de dramaturgia aberta, que só se completa no corpo e na imaginação dos espectadores, convidando-os para um universo de sensações, onde eles próprios possam criar associações a partir de suas vivências e experiências pessoais.

Um trabalho diferenciado, sofisticado e de grande alcance popular, que possa restabelecer o debate sobre a identidade do novo circo contemporâneo brasileiro, a cena circense atual, o mercado nacional, e o investimento para esta linguagem de tão grande alcance junto ao público e sua internacionalização, visto a precariedade do segmento no cenário brasileiro atual.

– O circo brasileiro é hoje um dos maiores exportadores de artistas para grandes companhias internacionais, como o Cirque du Solei, o Ringles Bros, o Finzi Pasca entre outros, fora os parques temáticos da Europa e grandes cruzeiros pelo mundo. Chegou a hora de pensar qual a identidade do circo brasileiro no cenário circense mundial e o mercado para a linguagem no cenário nacional e suas oportunidades. Qual a construção da identidade da linguagem circense que será capaz de traduzir a brasilidade que tanto encanta o mundo? E como é possível fomentar esse segmento tão popular e ao mesmo tempo tão precarizado? Resolvemos criar um projeto inédito, que mergulhe de cabeça na cultura brasileira com a linguagem do circo contemporâneo, composto por artistas oriundos da Escola Nacional de Circo, a maior escola de circo da américa-latina. Dessa forma o projeto vira também uma plataforma para a formação, fortalecimento do mercado do circo no Brasil, de intercâmbio, debate e fortalecimento da linguagem e do setor circense nacional, – comenta o diretor Renato Rocha.

A concepção de Renato Rocha, artista articulador no Brasil e no cenário internacional, de um espetáculo que represente toda a potência e diversidade de nossa produção cultural, criando uma vitrine para o circo brasileiro nas relações internacionais, ao promover uma ação coordenada em diferentes níveis, propõe uma ação reflexiva, como a da Semana de Arte Moderna, que se dará para além de uma montagem de um espetáculo de circo.

– Precisamos fortalecer a cena circense brasileira com ações formativas, intercâmbios, mesas de debate com temas de extrema importância para o circo, como a segurança, técnica, formação, linguagem, público, festivais, patrocínio, internacionalização e mercado para os artistas brasileiros, além de compartilhamentos de metodologias e dispositivos para processos criativos, e pensamentos de diferentes dramaturgias possíveis para o circo. Produzir pensamento sobre a estética, formação e o fazer artístico do circo hoje, através da criação de um produto artístico que se pretende de alta qualidade. Um espetáculo que represente toda a potência e diversidade de nossa produção cultural. E atrair os investimentos necessários para alavancar esse setor –, declara Renato.

Não à toa o espetáculo URUTU se apresenta como obra de arte associada a efeméride do centenário da Semana de Arte Moderna.

Na data em que se celebra o Dia Nacional do Circo (27 de março) haverá exibição do espetáculo URUTU em formato audiovisual, pelo canal YouTube do Banco do Brasil.

DRAMATURGIA COMO ESCRITURA CÊNICA

A dramaturgia que Renato Rocha desenvolve em seus espetáculos caminha para além do que as artes cênicas costumam pensar a respeito desta palavra. Em seu processo, Renato cria suas dramaturgias a partir do material humano do artista, suas ferramentas criativas, em como este se relaciona com o mundo hoje, e com o tema proposto como ponto de partida, tendo sua biografia como matéria-prima afetiva.

– A dramaturgia a que me refiro é transdisciplinar, aberta, não linear, subjetiva e emocional, e abrange diversas dramaturgias, como a da palavra, a do performer em cena, a da imagem, a da própria cena, a da sonoridade, a da especulação e da produção de significados do espectador. E quando se fala de circo: Qual a dramaturgia possível para as variadas técnicas circenses? Qual a de um aparato circense, como o trapézio, por exemplo? Como tratar o espaço aéreo como um lugar a ser habitado? Qual a produção de universo sensível a partir da fricção entre um corpo e um aparelho aéreo? É uma discussão –, provoca o diretor.

Nesse sentido Renato procura deslocar o espectador da ideia de um entendimento lógico, trazendo-o para o centro da experiência e da ação, convidando-o a construir sua própria dramaturgia, a partir de como se relaciona e especula sobre o que vê, interagindo com a obra com suas vivências pessoais.

RENATO ROCHA

Criou espetáculos para a Royal Shakespeare Company, The Roundhouse, Lift, Circolombia, para a Bienal Internacional de Artes de Marselha, o National Theatre of Scotland, o Festival Internacional de Leicester, a União Européia e Unicef. Dirigiu projetos na Índia, Berlim, Tanzânia, Quênia, Egito, Paris, Nova Iorque, Edimburgo, Estocolmo, Budapeste e Colômbia. Foi diretor artístico da Organização Street Child United e do Circus Incubator, colaboração entre França, Finlândia, Suécia, Espanha, Canadá e Brasil.
Em 2016, fundou o NAI – Núcleo de Artes Integradas, no Brasil, onde criou “Before Everything Ends” para o Festival Home/Away em Glasgow, “S’blood”, indicado ao Shell-RJ de 2018, na categoria inovação, “Entre Cinzas, Ossos e Elefantes”, “Estar fora do mapa também é existir” para a ArtRio, na C.Galeria, “Fragmentos de emaranhados e esquecimentos”, para o ArtCore no MAM-RJ e a plataforma internacional “A conferência dos pássaros”, para a programação artística da COP26, em Glasgow. Dirigiu “Rastros” com o Circo Crescer E Viver, “Ayrton Senna” e “O Meu Destino é Ser Star” com a Aventura Entretenimento, e em 2019, “Eu, Moby Dick” com o Oi Futuro. Recebeu 16 indicações nas mais importantes premiações do país, ganhando o Prêmio Cesgranrio de Teatro de Melhor Cenografia.
Nos anos 1990, Renato Rocha montou espetáculos com elencos numerosos que fizeram temporadas em espaços ao ar livre. Integrou a Intrépida Trupe e o Nós do Morro, experiências que o catapultou para trabalhos na Europa, Ásia e África.
Em 2021, desenvolveu o projeto “Casa Comum”. Financiado pelo British Council, o projeto aconteceu no coração da Amazônia com o povo indígena Sateré Mawé entre rios, floresta e cidade, onde os 10 artistas amazônidos, juntamente com o diretor artístico Renato Rocha, o estúdio londrino SDNA, os cineastas Takumã Kuikuro e Rafael Ramos e o artista sonoro Daniel Castanheira, criaram vídeos performances que refletiram sobre a cosmovisão indígena do planeta como uma casa comum, iluminada por Ailton Krenak. O projeto fez parte também da programação artística do Casa Festival em Londres, da COP26 em Glasgow e do Festival Amazônia Mapping no Pará, e contou com as parcerias da Pipe Factory, The Theatre of the Opportunity, The Necessary Space e LABEA.

O PICADEIRO DE AÇO

Projeto do palco-picadeiro de aço que será montado no estacionamento do CCBB Rio.

SERVIÇO

Centro Cultural Banco do Brasil
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro.
Informações: 21 3808-2020

Estreia Nacional/Temporada: de 23 de março até 3 de abril de 2022.
Apresentações: Quarta a domingo, às 19h.
Local: Estacionamento do CCBB.

Capacidade de público: 50 lugares sentados dentro do picadeiro e 100 lugares em pé em torno do picadeiro.

Retirada das senhas: 1 hora antes do início das apresentações, na bilheteria do CCBB.

Ingressos grátis.

Duração: 120 minutos, em 2 atos. Intervalo de 15 minutos entre os atos.

Classificação livre

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