Conheça o jovem de 22 anos que fatura sendo ‘sereio’ no Rio de Janeiro

sereio
Foto: Extra

Há dois anos, quando o gonçalense Davi Moreira costurou sua primeira cauda de sereio usando pés de pato, tudo parecia loucura. Ainda mais quando ele a usou em público, em Saquarema, onde sua sereia interior encontrou o mar pela primeira vez. Mas hoje essa loucura tem outro nome: febre. Adeptos do “sereísmo” estão na crista da onda e em cadeia nacional, com a personagem Ritinha (Isis Valverde) de “A força do querer”. Um estilo de vida que atrai as atenções como um canto de sereia.

— Eu chamo de estilo de vida. Não é uma fantasia de sereia, é amor pela água, é sentimento. Sempre gostei da Ariel, ela sempre esteve em minha mente, e eu quis viver isso — conta o jovem, de 22 anos, que hoje atende por Davi Sereio.

Davi deixou o Centro de São Gonçalo, onde seus pais ainda moram, no ano passado. A mudança para a Zona Sul do Rio o deixou mais perto da faculdade de Artes Cênicas e, de quebra, da praia.

— Nunca fui sereio em São Gonçalo. Não dá porque a água é suja. Acabava indo mais para Maricá. É uma pena. A Praia das Pedrinhas tem um visual lindo. Mas eu adoro a cidade, e já, já estarei de volta, assim que acabar a faculdade — promete.

Davi prefere o mar aberto e pode ser visto com alguma frequência pelo Arpoador, de graça, pelo simples prazer de ser sereio. Mas também aparece em piscinas, e é justamente nessas aparições que ele pode ter encontrado um tesouro oculto nas águas: o jovem gonçalense cobra R$ 300 por evento.

— Tem uma agenda, e essas aparições são pagas de acordo com o evento, com a duração. Tem festas de aniversário; de sereias; festas gays, onde posso ser hostess ou ficar nadando na piscina. E rola a interação, porque tem um lado comediante do meu trabalho. Quem cuida da minha agenda é meu pai — diz, demonstrando que a relação do filho sereio com a família evangélica progrediu.

Nadando contra o preconceito

Davi é sucesso na internet. Sua estreia foi num vídeo feito em Saquarema, que tem mais de 1,6 milhão de visualizações.

— O primeiro foi esse, “Sereia encontrada nadando no Rio de Janeiro”. E foi um sucesso, um espetáculo. Mas no inverno, não entro lá. O mar está batendo feito diabo. Sou sereio, mas tenho amor à vida. Isso é importante para quem quer ser sereio: nadar. É uma coisa que sereia faz muito — ensina.

Em seguida veio o vídeo que fez para atender a uma chuva de pedidos de internautas que queriam aprender a fazer a cauda.

— Comprar, eu comprei uma só, da Mirella Ferraz — diz, citando a responsável por transformar Isis Valverde em sereia para a novela.

Nadando rede, Davi aproveita para entrar em assuntos mais delicados, como o combate à homofobia:

— Na série “O grande sereio”, falo disso, do preconceito que gays afeminados enfrentam.

O masculino de sereia é tritão. Mas Davi optou por usar sereio por ser um “termo no meio”. A liberdade na nomenclatura é apenas uma das coisas que demonstram a liberdade do sereísmo, movimento que está na moda mas que não é tão novo assim: a “Parada da Sereia”, por exemplo, acontece anualmente nos EUA desde o início da década de 1980.

Fonte: Extra

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