No Rio, movimentações de instituições financeiras impactam positivamente mercado imobiliário corporativo
A análise do primeiro semestre realizada pela Buildings Pesquisa Imobiliária sobre o mercado imobiliário corporativo do Rio de Janeiro mostra um comportamento surpreendente na cidade. No período, já foram transacionados perto de 200 mil m² na capital fluminense; e a vacância, que fechou o ano de 2017 com 23,25%, caiu levemente no fechamento do segundo tri de 2018, para 23,05%. De acordo com a Buildings, a redução da vacância só não foi maior devido à entrega de novo estoque, que apesar de não ser muito significativo, conseguiu impactar nessa redução.
As movimentações ocorreram em um momento oportuno do mercado imobiliário corporativo carioca, devido a um fenômeno conhecido no segmento como “flight to quality” (ou “vôo de em direção à qualidade”, em tradução), quando uma empresa reconhece uma oportunidade de transferir sua operação de um prédio de uma classe inferior para outro de melhor categoria. Enquanto a vacância permanecia numa casa relativamente alta e novos empreendimentos eram entregues, os valores do m² no período tiveram queda, com o preço médio caindo de R$ 81 por m² no final de 2017 para 76,13 o m² no primeiro semestre de 2018. “Os proprietários começaram a perceber o ciclo de mercado que o Rio de Janeiro está vivendo, com altas taxas de vacâncias e pouca demanda. Com isso, aos poucos os preços começam a cair e o ‘flight to quality’ começa a se tornar bem mais atraente, resultando nessas movimentações significativas”, explica Fernando Didziakas, sócio da Buildings.
Bancos
Entre os principais ocupantes que mudaram de empreendimento estão a Caixa Econômica Federal, que realizou uma operação de mudança ocupando 36 mil m² na mesma região do Centro da cidade, onde já se localizava. Já o Bradesco realizou uma mudança de região, ocupando 35,8 mil m² no Porto Maravilha. Outras instituições, financeiras e de outras áreas, contribuíram para a mudança, como a Caetano Gestão de Pagamento (com 2,4 mil m² movimentados), S2 Holding (com 2 mil m²), Descomplica (com 3,2 mil m²), BMA Advogados (com 5,1 mil m²), Tauil & Chequer (3,8 mil m²), Transpetro (com 6,9 mil m²), Grupo Oncoclínicas (com 3 mil m²) e Spaces Works (com 4,7 mil m²).
De acordo com a Buildings, as empresas que realizaram o movimento de “flight to quality” buscam por edifícios eficientes, tecnológicos e condizentes com sua imagem corporativa, além de melhores oportunidades em preços. Apesar da região central ainda ser preferida no Rio de Janeiro, alguns de seus antigos edifícios não se enquadram mais dentro desses requisitos e não há muitas oportunidades para crescer nessas imediações, assim a região Portuária tornou-se uma alternativa atraente, recebendo novos ocupantes.
Para a Buildings, essas movimentações dão sinais de retomada no mercado imobiliário corporativo do Rio e mostra uma adaptação do segmento corporativo carioca frente à crise que a cidade está passando. “Os números apontados são positivos e a tendência é de melhora, mas ainda levará um bom tempo para que as taxas de vacância voltem a níveis saudáveis. Até lá, o preço do m² pedido e transacionado deve continuar caindo. Por outro lado, não há previsão de novos estoques significativos nem de novos projetos, o que deverá ajudar essa retomada”, informa Didziakas.