Moradores cobram melhora paisagística de praças em Ipanema e Leblon

Aqueles que admiravam a Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, e a Praça Antero de Quental, no Leblon, antes das obras da Linha 4 do Metrô, estão unidos pelo mesmo sentimento de indignação. Moradores dos dois bairros, que chegaram a fazer uma manifestação no começo do mês, reclamam que o retorno paisagístico após a queda dos tapumes nas praças foi um desastre. Apesar de saberem que as árvores centenárias que foram ao chão não poderiam ser repostas com facilidade, eles dizem que o replantio foi insuficiente e reclamam do excesso de palmeiras. Queixam-se de que a árvore não faz sombra e gera um desequilíbrio visual e ambiental nas praças. A preocupação com a fauna e com a chegada das altas temperaturas já fez grupos recorrerem à Justiça. O Grupo de Atuação Especializada em Meio Ambiente do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) entrou com uma ação civil pública no fim do mês passado contra o governo do estado, a prefeitura e a concessionária responsável pelas obras do metrô. O processo está na fase de instrução probatória, com previsão de julgamento para o fim deste ano.

“Insistimos na tese de que as praças foram descaracterizadas, notadamente as tombadas, e de que o transplantio foi precário e irregular”, ressaltou, em nota, o MPRJ.

O servidor Tony Teixeira, membro do Projeto de Segurança de Ipanema (PSI), também aponta problemas:

— O governo do estado prometeu uma recomposição ambiental, mas não foi colocada a quantidade de árvores suficiente para tentar resgatar o que existia. Lógico que entendemos que não dá para trazer as árvores com mais de cem anos de volta, só que poderiam ter colocado ipês e pau-brasil com três e quatro metros, aqueles que já vendem com cinco anos. As palmeiras têm um aspecto bonito, mas elas não dão sombra e fazem 90% menos fotossíntese do que outras árvores.

Ignez Barreto, que também faz parte do PSI, fala das consequências para a fauna e para a população.

— A Praça Nossa Senhora da Paz não tem mais a cobertura verde que era aliada no combate à poluição, mantenedora da temperatura e uma espécie de proteção ao ruído da Rua Visconde de Pirajá. A população perdeu o seu lugar de sombra, frescor e socialização. Ainda tem a fauna, que era alimentada pelas grandes árvores e ficou sem abrigo e local de procriação — reclama.

Já a aposentada Valéria Laranjeira, moradora do Leblon, aponta a diferença no cenário na Praça Antero de Quental após as intervenções.

— Antes das obras, as árvores eram frondosas. Agora só colocaram essas palmeiras. Ficou uma coisa horrível — reclama.

O estado atribuiu à prefeitura a obrigação de dar uma resposta às reclamações. Por sua vez, a Fundação Parques e Jardins informou, em nota, que já está ciente das reclamações acerca das obras realizadas pelo Metrô Rio e está em constante diálogo com os moradores para buscar a melhor forma de readequar o projeto paisagístico das praças.

Procurado, o Consórcio Linha 4 Sul, responsável pelas obras, afirmou que a Praça Nossa Senhora da Paz foi devolvida conforme orientação do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), já que é um espaço tombado. Afirmou ainda que as espécies que necessitaram ser transplantadas para a construção da estação foram levadas para um sítio, onde foram cultivadas até retornarem aos seus locais de origem. E que as espécies que não puderam ser transplantadas foram substituídas por novos exemplares. Já sobre a Praça Antero de Quental, no Leblon, afirmou que 74 árvores foram suprimidas e outras 28 transplantadas, sendo 22 para um horto e seis dentro da própria Praça Antero de Quental. E que foram plantados 418 novos exemplares no local. Segundo a empresa, o projeto de paisagismo da praça está passando por melhorias, seguindo orientações da Fundação Parques e Jardins.

Veja a nota na íntegra:

“O Consórcio Linha 4 Sul, responsável pelas obras da Linha 4 do Metrô na Zona Sul, esclarece que a Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema, foi devolvida conforme orientação do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), já que é um espaço tombado. É importante destacar, que 75,6% das árvores existentes na praça antes do início das obras permaneceram intactas no local. As espécies que necessitaram ser transplantadas para a construção da estação foram levadas para um sítio, onde foram cultivadas até retornarem aos seus locais de origem. As espécies que não puderam ser transplantadas, devido às suas características, foram substituídas por novos exemplares. Além disso, outros 247 plantios de novos exemplares foram feitos, como previa o projeto paisagístico elaborado para o local. Entre as espécies tinham exemplares de Licania tomentosa (Oiti), flamboyant-mirim, manacás, colônias, Calliandra brevipe e filodendros. Outras 15 árvores ainda serão plantadas no local, sendo 10 exemplares de Cordia superba, quatro Ipês e uma Aldrago.

Já para permitir a construção da Estação Antero de Quental, no Leblon, 74 árvores foram suprimidas e outras 28 transplantadas, sendo 22 para um horto e seis dentro da própria Praça Antero de Quental. De acordo com novo projeto de paisagismo, aprovado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e CET-Rio, foram plantados 418 novos exemplares. A maior parte das árvores está concentrada na área onde foram instalados o parquinho infantil e a Academia da Terceira Idade, a fim de oferecer mais conforto aos usuários. Há, entre as espécies, ipês amarelo e roxo, babosa branca, mulungus, pau ferro, pau formiga, palmeiras:cariota (Caryota urens), Areca- de-Locuba, Veitchia e arbustos. O projeto de paisagismo da Praça Antero de Quental está passando por melhorias, seguindo orientações da Fundação Parques e Jardins. Até o fim de agosto, ainda serão plantadas outras 25 novas árvores, sendo 17 Arecas Bambu, cinco Sibipirunas e três Ipês”

Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/rio/bairros/moradores-cobram-melhora-paisagistica-de-pracas-em-ipanema-leblon-19939177#ixzz4JUOtuusI

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