Rio de Janeiro: 450 anos de encantos mil

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O Rio de Janeiro precisa de gente que viva, ame e trabalhe pelo seu permanente progresso, desenvolvimento e (re)construção. E, para tanto, não somente o carioca como todos aqueles que elegeram o Rio para viver precisam se empenhar para que a cidade possa continuar sendo verdadeiramente maravilhosa. Para que isso ocorra, todos os cidadãos de bem devem contribuir. E as autoridades constituídas têm o dever constitucional de zelar por sua segurança, além, é claro, de buscar caminhos, visando oferecer, e de forma permanente, educação, cultura, cidadania, saúde e bem-estar social.

Não há no mundo cidade mais encantadora. Paris, Londres, Roma, Atenas, Jerusalém, Cairo, Bangkok, Pequim, Auckland, Tóquio e Nova York guardam seus encantos, suas tradições, suas culturas e suas civilizações. A Cidade Maravilhosa, coração do Brasil, guarda encantos mil. Guarda praias, abriga florestas, a da Tijuca é charme puro, encanta com o Pão de Açúcar e é abraçada pelo Cristo Redentor, que, diariamente, do Alto do Corcovado, também abençoa a todos, e sempre de braços abertos.

Entre o sol de Ipanema, o mar de Copacabana, as Lagoas Rodrigo de Freitas (que espelho d’água fantástico!) e de Marapendi, os Arcos da Lapa e a Mata Atlântica, está geograficamente a Cidade do Rio de Janeiro, que vem servindo de inspiração permanente para músicos, cineastas, poetas, escritores e artistas plásticos.

Tom Jobim e Vinícius de Moraes, por exemplo, se serviram dos cenários da Cidade para compor músicas inesquecíveis, além de Chico Buarque e Belchior, dentre tantos outros. João Cabral de Melo Neto, na Praia do Flamengo, Manuel Bandeira e Pedro Nava, na Glória, e Carlos Drummond de Andrade e Antônio Olinto, em Copacabana, foram grandes “antenas do Mundo”, parodiando o poeta português Fernando Pessoa. Fizeram versos e poesias, declarando, dessa maneira, amor e paixão, além de reverência, a cidade. Pancetti e Sylvio Pinto, com suas marinhas, retrataram o litoral da Cidade, do cais do porto a Grumari. Que maravilha!

A atriz Teresa Rachel, a eterna Rainha de Avilã, costuma dizer que, quando está com as malas prontas para viajar, curte a ideia de passar alguns dias fora, mas, quando demora em uma capital, sente saudades do Rio de Janeiro. Sentimento que certamente é dividido por todos os cariocas. Aliás, sentir saudades do Rio de Janeiro é motivo de orgulho.

A magia e a atmosfera da cidade, com seu clima paradisíaco, banhada pelo Atlântico Sul, debaixo da linha do Equador e sob o Trópico de Capricórnio, seduz. E não é à toa que ela recebe, e sempre com hospitalidade, pessoas de todas as partes do mundo.

Lembrando o maestro e compositor Tom Jobim, “Minha alma canta, vejo o Rio de Janeiro. Estou morrendo de saudades. Rio, teu mar, praias sem fim…, você foi feito para mim…”. Aqui apareceram a Garota de Ipanema (…”olha que coisa mais linda, mais cheia de graça…”). Salve Helô Pinheiro, imortalizada pelo maestro maior, e o Menino do Rio, do baiano Caetano Velloso.

As imagens das praias cariocas, dos Fortes de São João, Copacabana e do Leme, do Morro Dois Irmãos, do Joá, do Jardim Botânico de D. João VI, do Largo do Boticário, da Princesinha do Mar, da Ilha Fiscal (último baile do Império), da Floresta da Tijuca, da enseada da Urca (lá mora o Rei Roberto Carlos) e dos carnavais (Mangueira e “as rosas não falam”, de Cartola e de Dona Zica, Império Serrano, Beija-Flor, Portela e Salgueiro), sem esquecer do Maracanã (décadas de vida e de glórias) são registradas por todas as emissoras de televisão do mundo. Ah, e o meu Flamengo, na Gávea, o Fluminense, nas Laranjeiras, o Vasco da Gama de São Januário e a Estrela Solitária, o Botafogo, em General Severiano, merecem ser mencionados, pela força das suas torcidas e pelas alegrias que dão, em consequência, aos seus torcedores.

Glauber Rocha, Albino Pinheiro, Leila Diniz, Nara Leão, Pixinguinha, Cazuza, Mário Peixoto, Fernanda Montenegro e Sérgio Cabral foram, são e serão sempre alguns dos personagens mais ilustres da Cidade. O Rio Antigo, de Ferrer, de Debret e de Rugendas… Ser carioca, aliás, é um estado de espírito, como costuma dizer a colunista Danuza Leão, sempre tão exuberante nas palavras.

Ruas, praças, becos (o das Garrafas sempre vivo no cancioneiro carioca) e favelas da cidade estão imortalizados, em belas canções, cenas, contos, prosas e poemas. A Rua Nascimento Silva, por exemplo, ficou eternizada na voz da Divina Elizeth Cardoso, assim como o bairro de Copacabana, nossa Princesinha do Mar, nas interpretações de Dick Farney e Braguinha. E, ainda, a Bossa Nova, um dos mais importantes movimentos musicais do Brasil, com João Gilberto, surgiu por aqui e reverberou seu som internacionalmente e a toda gente.

Poder contemplar o projeto paisagístico do Aterro do Flamengo, a Igreja da Glória, no alto da Colina do Outeiro, a Candelária, os prédios centenários e históricos do Centro Cultural do Brasil e a Casa França-Brasil, os Palácios Tiradentes, Catete, Guanabara e o Laranjeiras (demoliram o Monroe…), assim como o Mosteiro de São Bento – uma joia rara – é absolutamente fantástico. Visitar os Museus do Mar, Histórico Nacional, Belas-Artes e o de Arte Moderna são passeios espetaculares e que permitem ao visitante momentos de elevada observação cultural, além de muito aprendizado.

Caminhar pela Paineiras é igualmente prazeroso, assim como saltar de asa delta da Pedra da Gávea. E a cidade vista lá do alto mais parece um imenso, e gigantesco, postal colorido e deslumbrante. Santa Teresa, com seus bondinhos, casarios e musicalidade, também encanta, com seu charme único e beleza ímpar.

E, certamente, não foi sem razão que a escritora Rachel de Queiroz, de Quixadá, adotou o Leblon para viver, assim como Dorival Caymmi, no Posto Seis, Zélia Gattai e Jorge Amado, diretamente do Rio Vermelho, elegeram Copacabana, vizinhos do Copacabana Palace (ícone da hotelaria carioca) para passar temporadas cariocas.

Pedro Ernesto, César Maia e Luiz Paulo Conde deixaram marcas profundas das suas realizações espalhadas por toda a Cidade. Eduardo Paes, todavia, entrará para a História do Rio, como um prefeito realizador, atento aos anseios do carioca e, sobretudo, um apaixonado pela cidade, que vem administrando com coragem, ousadia, inteligência viva e profunda determinação.

O Rio merece que todos seus habitantes trabalhem pela valorização dos seus encantos, pela preservação da sua história, pela divulgação da sua cultura, pela propagação da sua música e da sua literatura, pela proteção ao seu rico meio-ambiente e pela obstinação em transformar, e definitivamente, a Cidade Maravilhosa no portão principal de entrada do turismo da América Latina.

Para tanto, faz-se mister que todos juntos estejamos de prontidão e em sua defesa permanente. Comemoremos, pois, os 450 anos desta cidade vibrante, sedutora, cosmopolita e incrivelmente fascinante. O Rio de Janeiro é mesmo incomparável.

Paulo Alonso

Titular das academias Carioca de Letras, Luso-Brasileira de Letras, Letras do Estado do Rio de Janeiro, Internacional de Educação, Direito e Semiologia de São Paulo, do Pen Clube do Brasil e da União Brasileira de Escritores RJ.

Fonte: http://www.monitormercantil.com.br/index.php?pagina=Noticias&Noticia=174774&Categoria=TRIBUTOS&CIA

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